A situação da comunidade foi questionada pelo Ministério Público depois da identificação de dois casos de H1N1 entre pacientes.
Aparecida de Goiânia, 01 de novembro de 2013 – Os secretários Paulo Rassi (Saúde) Euler de Morais (Governo e Integração Institucional) e a diretora de Epidemiologia em Saúde da SMS, Vânia Cristina Rodrigues Oliveira, se reuniram nesta sexta-feira, 1º de novembro, com o diretor da Comunidade Terapêutica Recuperando Vidas Lapidando Tesouros, o pastor Gildeon Nunes da Silva. O objetivo foi buscar soluções para a regularização do espaço. Pastores que apóiam o projeto sem fins lucrativos e membros da comunidade, localizada no setor Rosa dos Ventos, na Região Leste de Aparecida, também participaram do encontro.
No período da tarde a Diretoria de Epidemiologia em Saúde e a Vigilância Sanitária realizaram uma visita técnica na Comunidade Terapêutica Lapidando Tesouros para verificar as adequações do local solicitadas pelo Ministério Público Estadual, em virtude dos cinco casos confirmados em meados de outubro de gripe H1N1 e outros 37 com suspeita da doença entre os internos.
A situação da comunidade foi questionada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), depois que cinco casos de gripe H1N1 foram identificados e confirmados pelas diretorias de Epidemiologia em Saúde e Vigilância Sanitária, no mês passado. De acordo com a diretora de Epidemiologia da SMS, Vânia Cristina, dos cinco casos confirmados de Gripe H1N1, em pacientes da clínica, apenas dois eram graves, mas que já foram medicados. “Do ponto de vista da gripe, está tudo solucionado, com todos os pacientes internos, profissionais e voluntários medicados”, concluiu Vânia Cristina.
Em meio ao acompanhamento dos cinco pacientes diagnosticados e de outras 37 pessoas, entre pacientes, servidores e voluntários, que apresentaram sintomas da doença, a Vigilância Sanitária constatou problemas nas condições de funcionamento da comunidade terapêutica, além da falta de alvará de funcionamento. De acordo com a diretora de Epidemiologia e Saúde, Vânia Cristina, o proprietário da comunidade cumpriu, no prazo de 15 dias, algumas das medidas solicitadas pelo Ministério Público. “Após as averiguações, iremos fazer um relatório e apresentar ao MP na próxima semana e ver quais as próximas medidas a serem tomadas pelas autoridades”, informou Vânia Cristina.
Todas as orientações e prazos para as adequações foram informados à direção da unidade e o caso vem sendo acompanhado MP-GO. “A intenção da SMS não é prejudicar ou fechar a instituição. Afinal, são mais de 90 homens recebendo algum tipo de atendimento que, não teriam como ser absorvidos pelo município. Também não interferimos nas condutas terapêuticas. Mas o local precisa atender normas mínimas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, inclusive de higiene. É isso que pedimos. À medida que forem se adequando, o município atuará junto ao MP-GO para auxiliar, pedindo prolongamento de prazos, por exemplo, para evitar a sanção maior que seria a interdição”, ponderou o secretário Paulo Rassi.
O diretor da comunidade informou que dos 28 itens apontados como irregulares, ele já teria conseguido sanar pelo menos oito. Entre eles a colocação de piso na cozinha e banheiros, colocação de forro no teto, e a reconstrução de um chiqueiro que ficava próximo às acomodações dos pacientes em local mais distante. Diante das informações fornecidas, a Vigilância Sanitária realizou uma visita técnica à comunidade terapêutica a fim de averiguar as alterações e incluí-las no relatório que será entregue ao Ministério Público na próxima segunda-feira, 4.
Segundo o secretário de Governo, Euler de Morais, que mediou a reunião, a intenção da Prefeitura agora é reunir todas as instituições filantrópicas que realizam qualquer tipo de atendimento à população de Aparecida para orientar sobre as normas de saúde e segurança. “O objetivo é dar suporte para que as instituições que também funcionam irregularmente se organizem. A continuidade da prestação do serviço delas também é de interesse do poder público”, frisou Euler de Morais.
Irregularidades e dificuldades
Gildeon Nunes da Silva admitiu que o espaço possui muitas irregularidades, mas reclamou da grande repercussão dos casos de gripe na Lapidando Tesouros, que vive praticamente de doações e trabalho de voluntários. “Comecei um negócio provisório realmente. Errei nesse sentido, da falta de documentação e estamos correndo atrás. Mas várias empresas, igrejas e parceiros que nos apoiavam com doações não nos auxiliam desde a divulgação dos casos pela forma como as coisas foram noticiadas”, informou.
Segundo ele, a instituição recebia desses parceiros cerca de R$ 180 mil por mês, equivalente à despesa média mensal da instituição, em doações de alimentos, roupas, pagamento de contas de energia, água, telefone, entre outras coisas. Agora a ajuda cairá significativamente. Diante do seu relato, os vereadores Claudio Nascimento (PRB) e Ezízio Barbosa (PMDB), que representaram a Câmara Municipal de Vereadores durante a reunião, se colocaram à disposição para intermediar o contato com os donatários, auxiliando no cumprimento de todas as recomendações feitas pela Vigilância Sanitária e Ministério Público.
SURTO – Apenas dois casos de gripe H1N1 foram confirmados entre pacientes da Comunidade Terapêutica Recuperando Vidas Lapidando Tesouros, o que segundo as normas do Ministério da Saúde já configura um surto da doença. Os pacientes foram encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Brasicon. Um deles já recebeu alta e outro continua internado no HGG, com quadro de tuberculose.
Segundo a diretora de Epidemiologia em Saúde da SMS, Vânia Cristina, todos os pacientes e funcionários da unidade foram avaliados. Outros 37 apresentaram sintomas e por isso também foram medicados com o tamiflu, em dosagem diferenciada, como forma de ampliar a imunidade e evitar a manifestação da doença. “Nossas equipes realizaram o monitoramento dessas pessoas diariamente, verificando se estavam tomando a medicação e o quadro geral dos internos”, informou. Esse trabalho foi encerrado no último dia 30, quando foi verificado que todas as pessoas presentes na Lapidando Tesouros se apresentaram assintomáticas.
A reunião, realizada na Prefeitura de Aparecida de Goiânia, contou ainda com a participação do coordenador de Vigilância Sanitária, Luciano Carvalho; da diretora de Atenção Básica da SMS, Maria Cláudia Honorato; e da coordenadora de Saúde Mental da SMS, Paula Cândida.
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