Prefeitura promove inserção de haitianos

9 de maio de 2017

9 de maio de 2017


Foto: Ana Paula Moreira/Secom

Aparecida de Goiânia, 22 de junho de 2015 – Representantes da comunidade haitiana que vive atualmente em Aparecida de Goiânia reuníram-se hoje, 22, com os secretários Vânia Cristina (Saúde), Domingos Pereira (Educação), José Ribamar (Assistência Social), Euler de Morais (Governo e Integração Institucional), Luciana Guimarães (Cultura), e com o diretor de Esporte da Secretaria de Esporte e Lazer, Cleber Coelho, o mestre kão. A reunião foi solicitada pelo secretário de Trabalho, Emprego e Renda, Adriano Montovani, que já vinha acompanhando o grupo.

“A Secretaria foi acionada pelos membros da Igreja Metodista, que já oferece um suporte aos imigrantes, e começamos a auxiliar na questão da documentação e encaminhamento ao mercado de trabalho, porque muitos não possuem documentos como carteira de trabalho, e ainda estão desempregados. E vimos que existem outras demandas ligadas às demais secretarias. O objetivo hoje é passar, de forma bem objetiva, quais são essas demandas e como a prefeitura poderá, gradativamente, atendê-las”, explicou o secretário.

A necessidade mais urgente do grupo, segundo o pastor Eliéser de Oliveira, da Igreja Metodista, e o missionário Edson Rodrigues Machado, é a compreensão da língua portuguesa. Atualmente os imigrantes recebem aulas de português, aos domingos, ministradas pela professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), membro da igreja e voluntária, Kátia Campos. Mas o ideal seria disponibilizar um espaço maior para aulas noturnas, pois a estimativa da igreja é de que o grupo já chega a 400 pessoas, principalmente no Expansul, Vila Brasília e Garavelo.

Nesse  sentido, o secretário Domingos Pereira disponibilizou duas salas da Escola Municipal Camila Scalliz, no setor Expansul, onde a maioria dos imigrantes se concentra, para que as aulas possam ser realizadas de segunda-feira à sexta-feira no período noturno. Como o quadro de professores da rede municipal é composto em maioria por pedagogos e não professores de área, a superintendente de igualdade Racial da Secretaria de Estado de Cidadania e Trabalho, Marta Ivone de Oliveira, que também participou da reunião, se disponibilizou a intermediar o contato com a SEE para o encaminhamento de professores. “Estou aqui para tentar fazer essa ponte com o Estado, que também tem meios para prestar um suporte, como a OVG”, informou Marta.

 

Acolhimento também do Governo Estadual e União

A necessidade da participação das demais instâncias governamentais no acolhimento às famílias haitianas foi várias vezes lembrada pelo prefeito Maguito Vilela, que conversou com os haitianos durante intervalo de sua agenda administrativa. “É importante dizer que aqui essas pessoas encontrarão muita solidariedade e acolhimento. Mas Aparecida é um município com inúmeras limitações. O atendimento à própria população aparecidense é precário ainda, e é o que lutamos diariamente para melhorar. Além disso, o país todo vive um momento de crise. Portanto, não se pode criar a ilusão de que mais e mais imigrantes chegarão aqui e terão facilidade para se empregar e tudo mais. Nem que o município criará uma estrutura extra para atendê-los”, alertou o prefeito.

“Dentro das nossas possibilidades, vamos fazer tudo para incluí-los nos mesmos atendimentos que já ofertamos à nossa população. Mas precisamos do envolvimento do Estado de Goiás e Governo Federal, já que eles estão entrando legalmente no Brasil. Trabalhando todo mundo com boa vontade, acredito que vamos conseguir atender muita coisa que eles ainda necessitam para se estabelecer e é essa ponte que os nossos secreários municipais deverão fazer a partir de agora, cada um em sua área”, ponderou Maguito.

De acordo com o missionário Edson Machado, que acompanha os imigrantes desde que as primeiras famílias chegaram ao setor Expansul, onde mora, a cidade recebe nos últimos meses uma média de 4 a 5 haitianos por semana. A igreja estima que hoje a colônia no município chegue a 400 pessoas. “O Governo Federal tem aumentado o número de vistos. Há alguns anos, eram cerca de 600 por mês. Agora chegam a uma média de 2 mil. E eles estão legais. Fazem a renovação dos documentos de permanência a cada seis meses na Polícia Federal e estão em vários estados, como São Paulo. Aparecida tem sido uma das opções em função dos pólos industriais e facilidade em encontrar emprego, mesmo fora de suas áreas”, explicou.

 

Edson explica que muitos dos imigrantes possuem formação superior. Entre eles existem professores, advogados, engenheiros. Mas em função da língua e também de preconceito, não conseguem trabalho em suas áreas. “São pessoas muito ordeiras, trabalhadoras e agradecidas. Não temos notícia de nenhum que tenha vícios, como álcool e drogas. E embora nem todos falem português, estão dispostos a aprender. Portanto, o que falta é oportunidade”, completou o missionário.

 

“Terremoto acaba com tudo”

É o caso do refugiado Septy Augustin, que está aqui há 2 anos e um mês. Falando francês, espanhol, crioulo e agora um pouco de português, ele conta que já trabalhou na coleta de lixo e atualmente trabalha em uma empresa de reciclagem, onde ganha R$ 800 reais por mês. Em sua cidade, Gonaive, ele trabalhava como pedreiro. Mas a falta de trabalho o obrigou a sair do país. “Não tem muito trabalho por causa dos terremotos. Terremoto acaba com tudo”, explicou. Ele ainda espera encontrar trabalho na sua área. Mas não reclama e tenta se virar com o que já conseguiu. Mesmo com salário modesto, depois de um ano e cinco meses conseguiu juntar dinheiro para trazer a esposa. O esforço agora é para trazer os quatro filhos, um deles de 17 anos, para estudar e trabalhar no Brasil.

Dos R$ 800, única renda da família por enquanto, R$ 400 vai para o aluguel. O restante é para alimentação do casal e para mandar aos filhos, que moram com a avó materna, em Gonaive. O envio mensal é de $ 100, ou seja, quase tudo o que sobra do salário. E ainda assim, Septy acredita que é no Brasil que construirá o futuro da família. “Antes, consegui entrar na República Dominicana. Mas existe muito conflito com o Haiti, então não tem como ficar lá. Por isso vim ao Brasil. Aqui nos acolheram, é um lugar bom de viver e podemos trabalhar. Logo aparece emprego melhor e as coisas melhoram”, acredita ele.

 

INSERÇÃO – Dos cerca de 400 haitianos identificados pela Igreja Metodista, 90% estão empregados em áreas como serviços gerais, produção, limpeza urbana e construção civil. A expectativa dos missionários da igreja e agora da administração é conseguir mais apoio para encaminhar essas pessoas à cursos profissionalizantes e gradativamente, atender as demandas básicas e diárias de qualquer família, como creches, atendimento médico e promover a socialização deles.

“Isso será feito gradativamente, e um cadastro das famílias, como já fez a Secretaria de Trabalho, é essencial. Todas as nossas secretarias cumprirão seu papel com acesso ao perfil desses novos moradores. Na Cultura e no Esporte, temos atividades gratuitas, como aulas de música e atividades esportivas, já oferecidas à comunidade, que poderão se estender à eles, pois agora também fazem parte da nossa população. A inscrição em programas sociais e assistência em Saúde, também será possível dessa forma. Faremos o cadastramento das famílias, o cartão do SUS e os atendimentos necessários e possíveis serão gradativamente realizados”, enfatizou o secretário Euler Morais.

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