Pesquisadores da UFG projetavam 600 óbitos acumulados para a cidade até o fim de julho, em decorrência da Covid-19. Mas, com ampla testagem, monitoramento adequado, ampliação de leitos e escalonamento regional, a cidade conseguiu reduzir drasticamente esse número
No último 16 de junho, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia promoveu uma videoconferência com diversos especialistas para debater as estratégias adotadas pela cidade no combate ao Coronavírus. Os pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cristiana Toscano e Tiago Rangel, participaram do encontro e apresentaram um modelo de simulação para a cidade. Segundo eles, se o índice de isolamento de Aparecida permanecesse na média de 35,5%, no dia 31 de julho a cidade teria 600 óbitos acumulados em decorrência da Covid-19. Contudo, o município fechou o mês com 169 mortes. A redução se deve às ações adotadas pela Prefeitura a partir do mês de março, que aliam testagem em massa, monitoramento precoce, ampliação de leitos e escalonamento intermitente regionalizado.
De acordo os pesquisadores da UFG, o modelo de simulação leva em consideração todo o mecanismo de funcionamento da Covid-19 e a forma como ela afeta os pacientes, sendo “mais preciso e realista do que outras estimativas”. O grupo da Universidade customizou o modelo para Aparecida e avaliou sua eficácia. Segundo Rangel, o sistema reproduziu o passado de forma muito acertada possibilitando sua validação e a criação de hipóteses e cenários futuros. Dessa forma, a pesquisa projetou 600 óbitos até o dia 31 de julho e uma demanda hospitalar de até 365 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) por dia.
“Há mais ou menos 45 dias, os pesquisadores da UFG nos apresentaram projeções bastante preocupantes que partiram de um estudo muito sério e preciso. Porém, Aparecida tem feito o dever de casa e desde meados de março investimos em testagem em massa, monitoramento adequado e cuidado eficaz. Em junho, iniciamos o escalonamento intermitente regionalizado para melhorar o índice de isolamento social sem parar a Economia. Ou seja, são cinco meses de um conjunto de esforços e ações que mudaram o futuro da nossa cidade, previsto pela Universidade. Hoje, podemos afirmar que pelo menos 430 vidas foram salvas e que o nosso sistema de Saúde não colapsou”, avaliou o secretário de saúde, Alessandro Magalhães.
Estratégias que mudam o futuro
Segundo o secretário de Saúde, Alessandro Magalhães, no dia 31 de julho o município já havia realizado cerca de 52 mil testes do tipo RT-PCR, padrão ouro para diagnóstico da Covid-19. “São dois drive-thrus para realização do exames e dez unidades de saúde, entre UPA´s e UBS´s, que disponibilizam o serviço. Nós também realizamos em domicílio a busca ativa de pacientes com sintomas. Aparecida é a cidade que mais testa em Goiás. Uma estratégia que permite o diagnóstico precoce, com o consequente isolamento do doente e quebra da cadeia de transmissão. Além disso, todos os pacientes diagnosticados com Coronavírus são monitorados pela Telemedicina. Se for do grupo de risco, eles ainda passam por uma bateria de exames a cada 48h e levam para casa um oxímetro. Dessa forma, conseguimos identificar qualquer piora no quadro clínico de forma rápida e segura para iniciar o tratamento adequado”.
Segundo o secretário, outra estratégia é fundamental: ampliação da rede hospitalar. Nesse sentido, em cinco meses, Aparecida criou 118 leitos de UTI, com capacidade para chegar a 130, e 110 de enfermaria. Todos exclusivos para pacientes com a Covid-19. “Essa ampliação nos permite oferecer assistência adequada aos aparecidenses e até para moradores de outras cidades. Em um levantamento realizado identificamos que houve dia em que metade das internações eram referentes a outros municípios. Ainda assim, mesmo atendendo pessoas de fora, nossa taxa de ocupação oscila entre 60 e 70%. Ou seja, o trabalho de testagem em massa e monitoramento adequado reduziu drasticamente a previsão de 365 pacientes em UTI, por dia”, pontuou. Ele também analisou o índice de mortalidade das internações: “Enquanto a média brasileira de letalidade nas UTI´s Covid de hospitais públicos fica em torno de 50%, a do Hospital Municipal de Aparecida é 27%”.
O gestor citou ainda o escalonamento intermitente regionalizado como estratégia de promoção do isolamento social. “Foi um modelo inédito em Goiás, em que a cidade se dividiu em 10 macrozonas. Os comércios de cada uma delas fecha em dias pré-determinados, conforme a situação da doença evolui no município, seguindo a matriz de risco do Ministério da Saúde. O escalonamento teve uma aceitabilidade de 98% dos comerciantes, garantindo um percentual satisfatório de isolamento social e a continuidade das atividades econômicas. Tudo de forma planejada e estável”, explicou.
O gestor da pasta salientou ainda que as ações de combate à Covid-19 continuam na cidade e pede a colaboração de todos os moradores, comerciantes e empresários para não diminuírem os cuidados. “Salvamos muitas vidas com todas as ações tomadas, mas infelizmente perdemos, até o momento, 169. Nosso objetivo é dar continuidade ao trabalho preventivo e de enfrentamento, para que nenhuma família sinta a dor da perda de um ente para este vírus”.
Situação no fim de julho
Até o dia 31 de julho, Aparecida contava com 12.358 casos confirmados. Desses, 10.379 já estavam recuperados e 1.807 estavam com a doença ativa. O número de óbitos confirmados em decorrência da Covid-19 era 169. Já a taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid estava em 67%.
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