Prefeitura de Aparecida e UFG fazem parceria para mapear os haitianos residentes no município

9 de maio de 2017

9 de maio de 2017


Foto: Enio Medeiros

Pela primeira vez, a comunidade haitiana é pesquisada em Aparecida. O objetivo da parceria é encontrar soluções para as principais necessidades dos imigrantes.

Aparecida de Goiânia, 23 de fevereiro de 2017 A Prefeitura  de  Aparecida e a Universidade Federal de Goiás (UFG) criaram um grupo de trabalho para mapear a comunidade de imigrantes haitianos que escolheram o município para recomeçar uma nova vida, após o terremoto que desvastou o país caribenho em janeiro de 2010, matando mais de 150 mil pessoas.

O objetivo é levantar dados, acompanhar e buscar parcerias com secretarias e órgãos municipais para ajudar e prestar toda a assistência que esses imigrantes necessitam, como ser integrados à sociedade e a regularização da situação no país.

Participam do grupo de trabalho equipes das secretarias de Saúde, Desenvolvimento Econômico, Educação, Assistência Social e Trabalho e pesquisadores da UFG. As reuniões são organizadas e conduzidas pela Secretaria de Articulação Política.

Em janeiro, o prefeito Gustavo Mendanha recebeu a visita da Drª e professora da UFG Marta Rovery e dos alunos do mestrado em Saúde Coletiva Giovanna Rangel e Luciano de Moura Carvalho, pesquisadores que estão a frente da parceira com a prefeitura. Gustavo Mendanha foi missionário na África e sabe como é a realidade dos que vivem em regiões de vulnerabilidade, portanto, demonstrou total apoio ao estudo.

O secretário de Articulação Política Ricardo Teixeira colocou sua pasta a disposição do grupo de trabalho e enfatizou que a prefeitura deseja ter boas notícias da parceria. “O nosso desejo e o do prefeito Gustavo Mendanha é ver resultados positivos desta parceira entre a UFG e Aparecida. É importante o município estar atento e no controle da situação para que seja feito um trabalho preventivo e não de emergência”, pontuou o secretário, que espera que o projeto seja um espelho para outras cidades.

Dados iniciais da comunidade haitiana residente em Aparecida

Em janeiro de 2017, o grupo iniciou o processo de reconhecimento das áreas habitadas pelos haitianos e concluiu que os setores onde concentram o maior número de imigrantes são o Setor Expansul com cerca de 350 haitianos e o Setor Central com cerca 210. A equipe também realizou visitas técnicas em escolas e em uma unidade básica de saúde no Expansul. Em Goiânia, foram localizados grupos no Jardim Guanabara, Setor Leste Universitário e em bairros próximos a GO-040.

Segundo o levantamento inicial, a maior dificuldade encontrada pelos profissionais que atendem os imigrantes é entender a língua, que pode variar entre o francês e o créole. E as principais demandas dos haitianos é falta vagas em escolas e Cmeis, e a ausência de uma casa de acolhimento para receber os imigrantes que procuram a região do Setor Expansul para se estabilizarem no município, informou os representantes dos imigrantes.

Outras necessidades apontadas pelos haitianos são voltadas para questões de saúde, habitação e emprego. Os imigrantes solicitam a criação de políticas públicas que atendam a essas demandas para diminuir a vulnerabilidade das famílias haitianas nessas áreas.

Os dados levantados pela equipe durante as visitas realizadas nos bairros foram apresentados ao grupo de trabalho no dia 17 de fevereiro durante a segunda reunião realizada com todos os envolvidos na ação. As informações iniciais serviram para mostrar quais são as prioridades que irão fomentar o mapeamento dessa população e contribuir com o atendimento efetivo das necessidades dos haitianos.

O Expansul, setor de Aparecida de Goiânia, é um principais refúgios dos haitianos que vieram para Goiás e se transformou com a chegada dos imigrantes. No bairro funciona o primeiro templo religioso dedicado aos novos moradores. No local, as bandeiras brasileiras e haitianas estão lado a lado, assim como a saudação aos fiéis escrita na fachada – “Aqui haitianos e brasileiros são recebidos de braços abertos” – que pode ser lida em Créole, o dialeto haitiano, e em Português. A igreja é o ponto de encontro dos haitanos, que se reúnem para celebrações e para aprender português em aulas ministradas gratuitamente por uma professora da UFG, que integra a instituição religiosa.

A frente da comunidade haitiana, como líder comunitário e religioso, Nodieu Dorval se tornou o intercâmbio entre todos os imigrantes. Por sua posição de líder, Dorval também participa do grupo de trabalho que está fazendo o mapeameato dos haitianos no município.

Próximas ações

A próxima reunião do grupo de trabalho será realizada no dia 3 de março, às 14h, na escola superior da Prefeitura de Aparecida. O objetivo é finalizar a preparação do mutirão que o grupo vai realizar no dia 4 abril no Setor Expansul, bairro que possui uma das maiores comunidades dos estrangeiros no município.

A ação social irá oferecer auxílio gratuito aos haitianos com atendimento móvel de saúde, medição de pressão, atividades artísticas, cursos, palestras sobre empregos, assistência social e apoio jurídico para atender os imigrantes.

Com a experiência adquirida a frente deste estudo, o grupo prevê um reflexo positivo na recepção de futuros imigrantes à cidade.

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