O evento teve na programação apresentações artísticas, danças e brincadeiras folclóricas, exposição de produtos culturais, desfile de moda e comidas típicas da gastronomia afro-brasileira
O Quilombo Urbano Vila Delfiore promoveu no último domingo, 26, a primeira edição do Seminário Cultural Serra das Areias. O evento realizado pela Coordenadoria de Igualdade Racial de Aparecida de Goiânia (COPPIR), organizado por Sinval Costa, ativista cultural da entidade Frente Favela Brasil, que contou com o apoio da Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Turismo. Durante todo o dia, o seminário recebeu populares do quilombo, visitantes e autoridades para participar de palestras e assistir às apresentações culturais preparadas para o evento.
De acordo com a organização, maio é importante para a Cultura Negra não só pelo dia 13 marcar a Abolição da Escravidão no Brasil, mas por se tratar de um mês que simboliza a resistência do povo de ascendência africana. Essa é, por exemplo, a opinião do professor Edson Ferreira, morador do quilombo e que, durante a abertura do evento, afirmou ser 20 de novembro o dia que, de fato, o negro gosta de comemorar, por ser o Dia da Consciência Negra. “Estamos numa resistência constante, precisamos nos identificar como negros, pois ainda enfrentamos muita dificuldade para nos firmarmos na sociedade, desde a criança na escola até o homem na comunidade e na política”, comenta.
Convidado para o evento, Marco Antônio Evangelista, que representou a Fundação Cultural Palmares, que tem sede em Brasília, disse que o seminário representa a manutenção das tradições culturais e a busca da cidadania do negro. “O negro é a mão-de-obra que moveu e que move o Brasil, a agricultura, a construção dos centros urbanos e está aí marginalizado e em busca de cidadania plena”, enfatiza Evangelista acrescentando que o país ainda é carente de políticas públicas que melhore a condição do povo de ascendência africana.
Representando a ONG Missão Amar Sem Fronteiras (MASF), o colombiano Fernando Angulo, que mora no país há mais de 15 anos, afirmou que a questão do negro no Brasil é muito semelhante ao que acontece em seu país, mas que, diferente do que ocorre na Colômbia, o negro brasileiro ainda se revela preocupado com a manutenção de sua cultura e com aquilo que representa a sua identidade. “Este evento é muito importante, porque nos fortalece e nos mantém unidos para identificarmos as pautas de reivindicações que promovam o desenvolvimento social, cultural e o empreendedorismo do negro”, avalia.
Presidente do Quilombo Urbano Vila Delfiore, Maria Lúcia das Dores Ferreira, define o evento como um dia de festa porque, na sua opinião, promove a alegria e ajuda a fortalecer o quilombo e a região. Ela comentou das barreiras enfrentadas para tocar a entidade e manter viva a tradição que ainda enfrenta problemas de desconstrução, algo que parte, inclusive, de dentro do próprio quilombo a partir da descaracterização arquitetônica das casas que vêm sendo gradualmente modificadas pelos moradores. “O evento é para fortalecer a consciência e para que as pessoas percebam que aqui é um quilombo”, sentenciou.
A secretária de Educação, Valéria Pettersen e o secretário executivo de Cultura e Turismo, Guido Marco Brem representaram o prefeito Gustavo Mendanha no seminário e ambos elogiaram a iniciativa e se comprometeu a interceder junto ao chefe do executivo em favor da cultura e, principalmente, em favor da causa envolvendo as entidades que desenvolvem atividades de capoeira. “Onde você vai Europa existe capoeira e sempre sabemos que é uma coisa do Brasil. É uma identidade e eu vou fazer o possível para ajudar a causa”, prometeu Guido.
Apresentação cultural
O seminário foi marcado por um cronograma que envolveu apresentações artísticas diversificadas, danças e brincadeiras folclóricas, exposições de produtos culturais, desfile de moda, salão de beleza e feira de comidas típicas da gastronomia afro-brasileira.
Durante o evento foram promovidos debates sobre a desconstrução do racismo, sobre a pluralidade religiosa e sobre o combate à intolerância que costuma envolver religiões de vertentes cristãs e as de matriz africana. Além desses temas, foi discutido também os crimes de racismo e de injúria racial, palestra ministrada pelo presidente da OAB-GO subseção Aparecida, Francisco Sena.
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