Saúde de Aparecida interdita clínica de recuperação clandestina

Por Polliana Martins

10 de agosto de 2021

Por Polliana Martins

10 de agosto de 2021


Foto: Enio Medeiros

Espaço, que abrigava 38 internos, não possuía nenhuma documentação junto aos órgãos competentes

A Vigilância Sanitária (Visa) da Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS) interditou, na manhã desta terça-feira, 10 de agosto, no Jardim Dom Bosco II, uma clínica clandestina de recuperação. A Comunidade Terapêutica Reconstruindo abrigava 38 internos. No local, foram encontradas diversas irregularidades, como falta da documentação necessária e condições insalubres para os internos.

A interdição, realizada com o apoio de profissionais do Consultório Na Rua, da SMS, da Secretaria de Assistência Social e da Guarda Civil Municipal (GCM), foi feita após denúncias de moradores da região à Polícia Militar que relataram que alguns internos da clínica estariam praticando furtos e usando drogas nas imediações.

Estrutura precária

O diretor da Visa, Rildo José dos Santos, declarou que “chegamos aqui e ficamos estarrecidos com as condições do local, que está sendo interditado por não possuir nenhuma documentação junto aos órgãos competentes e as instalações são de total insalubridade, sem as mínimas condições de higiene. Além disso, encontramos alimentos e medicamentos vencidos há mais de um ano, outros sem rótulo, e a estrutura em geral é muito precária.”

Após uma primeira visita, há uma semana atrás, a equipe de fiscalização da Visa constatou que o local tinha várias irregularidades, dentre elas a falta de alvará de funcionamento. “O proprietário alegou que não consegue tirar a documentação necessária, mas este local já existe há dez anos de maneira totalmente clandestina, inclusive cobrando valores de cada interno como pagamento pela permanência aqui. Agora o caso será encaminhado, também, para a Polícia Civil”, afirmou o diretor da Visa.

Durante a interdição, a assistente social Tânia Gonçalves da Silva relatou que a entidade abrigava 38 indivíduos, dentre dependentes químicos e pessoas com deficiência. “Fizemos uma triagem dos internos, avisamos aos familiares deles para que viessem buscá-los e os que não têm família, ou que são moradores de rua, verificamos com cada um se desejam tratar-se, e, nesse caso, os encaminhamos para uma comunidade terapêutica”, sublinhou ela.

Acolhimento adequado

O vendedor J.P, de 22 anos de idade, um dos internos, ficou muito confuso com a movimentação e foi orientado pelos profissionais da Saúde Mental. Ele disse que gosta de ficar no local, mas sabe que não estava sendo tratado para a dependência química em álcool e cocaína: “Aqui é um lugar para eu ficar sossegado, sem arranjar briga. Tenho muita dor de cabeça, não consigo ficar sem beber, não tenho esperança na vida. Então vou tentar um tratamento melhor, vamos ver ”.

Em meio à interdição, os profissionais da SMS conversaram com os internos, avaliaram a saúde de cada um, providenciaram encaminhamentos para tratamentos, tiraram dúvidas e questionaram sobre a experiência de cada um no local.

Um idoso em uma cadeira de rodas, que estava mais afastado do grupo principal em um pátio de terra batida, foi amparado por uma assistente social que explicou o que estava acontecendo. Sem família nem para onde ir, ele ouviu a explicação de que seria encaminhado para uma instituição segura e adequada para acolhê-lo.

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