Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPSi Alegria), situado no Jardim Bela Vista, reuniu usuários e seus familiares no “Dia D do Setembro Amarelo” para valorizar a vida e celebrar o trabalho desenvolvido pelos profissionais da Saúde Mental
Em alusão ao Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, o CAPSi Alegria da Secretaria de Saúde de Aparecida (SMS) promoveu, na manhã desta sexta-feira, 16, um “Dia D” que reuniu dezenas de pessoas. As atividades começaram às 9h com uma blitz educativa na Avenida Jataí, no Jardim Bela Vista, e terminaram às 11h30 na Praça Céu das Artes no Parque Flamboyant.
Após a blitz, o grupo caminhou pela Avenida Bela Vista ao som de tambor e pandeiro e carregando balões e faixas sobre o Setembro Amarelo até chegar à Praça Céu das Artes. Lá, após um farto lanche comunitário e oficinas de artesanato com E.V.A (Borracha não tóxica) e de auricoloterapia, os participantes assistiram a um curta metragem produzido por usuários do CAPSi e participaram de uma roda de conversas com estagiários de Enfermagem.
O secretário de Saúde Alessandro Magalhães enfatizou a importância da mobilização: “É fundamental debater o suicídio com o cuidado científico e humanitário que o tema exige. Ele é uma das principais causas de morte em todo o mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e no Brasil não é diferente. Nós, da Saúde de Aparecida, estamos atentos para esse problema e temos profissionais experientes e preparados cuidando das pessoas e espalhando a conscientização o ano inteiro, com ênfase especial neste mês dedicado à prevenção”.
CAPSsi Alegria: apoio, tratamento e integração
A diretora do CAPSi Alegria, Christiane Branquinho, salientou que “vivemos num mundo no qual as pessoas têm dificuldade para lidar com as pressões do dia-a-dia e isso gera muita ansiedade e frustrações. Aí, há quem pense que a saída é o suicídio. Então, trabalhamos para ajudar as pessoas e repetimos sempre que quem pensa em se suicidar deve buscar ajuda o quanto antes. Infelizmente, temos um alto índice de suicídios entre crianças e adolescentes, daí a importância de promovermos ações como estas de hoje. ”
Já Eurides Santos, coordenadora do CAPSi, adicionou que “dizemos hoje e sempre para nossos pacientes que eles não estão sozinhos, temos uma equipe inteira à disposição para prestar o apoio necessário. O CAPSi Alegria funciona de segunda a sexta-feira na rua 29, no Jardim Bela Vista, sem necessidade de encaminhamento, bastando ir direto. Fazemos acolhimentos todos os dias, as crianças e adolescentes passam por uma triagem e aí analisamos se tem o perfil do CAPSi ou se encaminhamos para outra unidade da rede. Atendemos a pessoas de 2 a 18 anos de idade com transtornos mentais e psicossociais de moderados a graves com grupos terapêuticos, terapia individual, atividades extra-muros e outras abordagens. “
A neuropsicóloga Aline de Oliveira explicou que a integração dos pacientes com suas famílias e com a comunidade são fundamentais para o tratamento psicossocial: “Por isso, trazemos os profissionais e nossas abordagens terapêuticas para as atividades rotineiras das pessoas para que elas sejam as protagonistas do próprio processo de saúde mental. Sempre que podemos, realizamos eventos como esse de hoje para promover essa integração que é muito positiva para todos os envolvidos. ”
Vidas em transformação
Sergina Martins Aguiar, moradora do Setor Mansões Paraíso, relatou que o filho dela, João Vitor Machado de Aguiar, 17 anos, é atendido no CAPSi há sete meses e tem se sentido melhor com os tratamentos. Ela sabe da importância da participação familiar e acompanha as atividades terapêuticas do filho sempre que possível: “Há muitas dores do corpo e da alma que não conseguimos resolver e o pessoal da Saúde Mental nos ajuda a desenvolver soluções e a aliviar as angústias. Eu gosto muito do CAPSi, lá tem bom atendimento e os funcionários são muito legais e tratam bem a todos com respeito e cuidado. Lá não existe a indiferença. ”
João Vitor concordou com a mãe e frisou que acha “interessante o tratamento. Além de me ajudarem a melhorar minha saúde mental, ainda há eventos como esse que me deixam muito feliz e que incentivam várias outras pessoas a se cuidarem também. Lá no CAPSi cuidam de mim como se eu fosse um filho deles. ”
Outra usuária do CAPSi que elogiou a atenção da equipe multiprofissional é a adolescente Pauliene Alves Ribeiro , de 17 anos, moradora do Setor Santa Luzia. Em tratamento na unidade desde dezembro de 2021, ela acredita que essas mobilizações com a comunidade são indispensáveis: “Esse movimento do Setembro Amarelo é importante para nós, jovens e adultos, que sofrem de depressão e ansiedade, e acho que atividades assim servem para descontrair. Sou muito bem acompanhada no CAPSi, faço tratamento com psicóloga, psiquiatra e terapeuta, elas me ajudam e me sinto muito melhor depois da terapia. Minha vida melhorou muito depois que comecei o tratamento. ”
Pauliene aproveitou para mandar um recado para jovens que estão infelizes, angustiados e com sintomas de depressão: “Primeiramente, não deixem de buscar ajuda porque isso é muito importante. Se você está se sentindo mal, se está sentindo essa dor no peito, busque ajuda. E se você não tem dinheiro, há lugares como o CAPSi que estão aí, gratuitamente pelo SUS, para te ajudar. ”
Números preocupantes
Segundo dados da Campanha Setembro Amarelo, realizada nacionalmente desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV), no Brasil são registrados, em média, 14 mil casos de suicídio anualmente, o que corresponde a cerca de 38 por dia. O levantamento ainda aponta que, entre pessoas de 15 a 29 anos, essa é a quarta principal causa de mortes no País.
A coordenadora de Saúde Mental de Aparecida, Carolina Fioravante Sartori, lembrou que é vital “acolher e orientar as pessoas sobre as angústias, a exaustão, os adoecimentos e a fragilidade mental que podem acometer os seres humanos. É o que nossos profissionais fazem permanentemente nos trabalhos que desenvolvemos e hoje fizemos essa mobilização que tem um simbolismo muito forte de união e empatia para ressaltar os avanços históricos nos tratamentos de Saúde Mental, sensibilizar a sociedade sobre a prevenção contra o suicídio e mostrar que é preciso pedir ajuda quando sentimos que não há mais vontade de viver”.
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