Aparecida realiza 1ª Conferência de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde

No encontro foram debatidas políticas públicas para o Sistema Único de Saúde (SUS) com foco nas demandas sociais e nas rotinas dos trabalhadores do setor

Para debater a Saúde Pública local e formular estratégias e diretrizes para aprimorar o setor, o Conselho Municipal de Saúde de Aparecida (CMS) realizou nesta quinta-feira, das 7h30 até às 17h30, no Espaço Multiuso da Cidade Administrativa Maguito Vilela, a 1ª Conferência de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. O evento foi gratuito, aberto ao público, e teve como tema “Democracia, Trabalho e Educação na Saúde para o Desenvolvimento: Gente que faz o SUS acontecer”.

A Conferência, segundo o secretário de Saúde Alessandro Magalhães, foi “mais um instrumento do controle social, uma oportunidade excelente para que profissionais e a comunidade, juntos, possam apontar problemas, criticar, debater soluções, sugerir avanços e conhecer aspectos da rede de assistência municipal.”

No encontro, foram abordados três eixos temáticos: “Democracia, Controle Social e o desafio da equidade na gestão participativa do trabalho e da educação em saúde”; “Trabalho digno, decente, seguro, humanizado, equânime e democrático no SUS: Uma agenda estratégica para o futuro do Brasil”, e “Educação para o desenvolvimento do trabalho na produção da saúde e do cuidado das pessoas que fazem o SUS acontecer: A saúde da democracia para a democracia da Saúde.”

Encontro fundamental

Ao abrir os trabalhos, o presidente e o secretário-executivo do CMS de Aparecida, respectivamente, Daniel Mesquita de Araújo e Márcio Alves de Oliveira, lembraram que as propostas e decisões referendadas no evento serão incluídas no Plano Municipal de Saúde, documento que institui, para um período de quatro anos, objetivos, diretrizes e metas para o setor.

Em sua fala inicial, o superintendente de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Gustavo Assunção, destacou: “Vamos tratar aqui também da equidade, um desafio para o SUS, que é tratar os desiguais de forma desigual, atendendo a pessoa conforme a necessidade dela. Isso tem que ser praticado no atendimento aos usuários, e, como gestor, sei que temos que ter isso também com os colaboradores. Na SMS, muitos gestores já trabalharam no atendimento direto à população e por isso conhecemos bem a realidade, sabemos como é a jornada dos pacientes na rede, desde a entrada na Atenção Primária até os serviços especializados.”

Nesse aspecto, o coordenador da Atenção Primária, Iron Pereira, afirmou que Aparecida “tem aplicado práticas que são eficientes. Temos desafios, mesmo com uma Saúde qualificada, como um olhar especial para as populações específicas. Já fazemos isso na atenção aos quilombolas e a um grupo de indígenas venezuelanos que aqui residem, por exemplo. Já somos referência na Saúde em todo o Estado e, nesse sentido, temos também a rede sobrecarregada por pacientes de fora da cidade que buscam atendimento aqui. Então, há muito a refletir e planejar. Temos que pensar na nossa sustentabilidade em diversos níveis.”

Combate ao adoecimento

A coordenadora de Saúde Mental, Eurides Pinho, acrescentou que é preciso ter espaços de acolhimento ao trabalhador para combater o adoecimento, “e isso precisa ser uma política pública, não uma vontade do gestor municipal. Essa conferência tem um papel muito importante, no sentido da participação social, para pensar políticas públicas e propor melhorias que fortaleçam nosso trabalho. Precisamos informar melhor os nossos profissionais e refletir porque há um processo de adoecimento tão grande.”

Chefe de Vigilância em Saúde do Trabalhador, Ana Mari Soares Dickmann, que atua na área há 14 anos, frisou: “É vital essa missão de cuidar da saúde dos trabalhadores. Todos os que aqui estão percebem a grandeza e a responsabilidade dos temas que estamos debatendo e acredito que daqui sairão propostas excelentes em nível até nacional em defesa do SUS e de quem faz o Sistema funcionar.”

O psicólogo Cassio Fernandes, da equipe da Vigilância em Saúde do Trabalhador, ainda reforçou: “Enquanto trabalhadores todos temos uma visão crítica, social, então momentos de reflexão e de construção de estratégias, sobretudo com a participação popular, são indispensáveis. À medida em que as pessoas entendem o que é o trabalho do SUS, como que ele se dá, como são os seus princípios, elas podem participar mais ativamente dessa construção”.

Também da equipe da Vigilância em Saúde do Trabalhador, a enfermeira Gabriela Lima pontuou que “acompanhamos nossos trabalhadores, que precisam estar prontos para atuar. Se eles não estiverem saudáveis física e mentalmente, não conseguirão desenvolver suas atividades. Nesse sentido, realizamos capacitações dentro das demandas solicitadas e também a educação permanente. Nosso foco principal é cuidar de quem cuida da gente.”

Representando o Legislativo Municipal, o vereador Marcelo da Saúde exaltou o evento: “É um acontecimento de muita qualidade. Parabenizo a todos os envolvidos porque este é um momento ímpar, crucial, no qual a gente está indo ao SUS, discutindo processos de gestão, trabalho e Saúde Pública.”

Em seguida, Flaviana Alves Barbosa, da Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), disse que “nosso maior desafio é o de colocar no papel o que queremos para a cidade discutindo a gestão do trabalho. Parabenizo cada trabalhadora e trabalhador, usuários, prestadores de serviços e gestores que estão aqui porque é assim que vamos mudar a realidade para criar trabalho decente, digno e democrático à altura do que o SUS merece e exige de cada um de nós.”

No fim da abertura da Conferência, a assessora de Igualdade Racial, Carolina Dias, aproveitou para destacar a relevância dos debates propostos e falou sobre os diversos tipos de preconceito vivenciados na Saúde Pública pelos trabalhadores e pelos usuários. Ela enfatizou a importância dos Direitos Humanos e cobrou mais atenção para esses problemas sociais.

Mobilização nacional

O encontro integra um esforço nacional de aprimoramento do setor. Em 2024, a 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CNGTES), organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) com o apoio do Ministério da Saúde (MS), por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), acontecerá em Brasília (DF), de 10 a 13 de dezembro. O evento reunirá os trabalhos de todas as regiões brasileiras com foco na educação permanente das equipes de saúde para o aprimoramento do trabalho e do cuidado, bem como na revisão dos processos de formação de profissionais do setor.