Saúde de Aparecida realiza caminhada para sensibilizar e informar a sociedade sobre o autismo

Por Polliana Martins

4 de abril de 2024

Por Polliana Martins

4 de abril de 2024


Foto: Jhonney Macena

Evento reuniu, pelo terceiro ano consecutivo, mais de duzentas pessoas dentre profissionais, pacientes, familiares e cuidadores para combater a desinformação e o preconceito

Na manhã desta quinta-feira, 4 de abril, como parte da mobilização da Semana de Conscientização do Autismo, a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida (SMS) promoveu um evento aberto ao público para sensibilizar a sociedade sobre o tema. A 3ª Caminhada de Conscientização do Autismo foi realizada no Parque da Família, em frente ao Aparecida Shopping, onde centenas de pessoas percorreram um trajeto ladeando a Avenida Independência.

A já tradicional caminhada foi organizada pelo Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPSi Alegria), unidade responsável pelo acompanhamento de crianças e de pessoas com até 18 anos de idade com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Aparecida. O evento teve o apoio de vários setores da Prefeitura, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, da Associação de familiares e Amigos do Autismo de Goiás (AFAAG), da empresa Mahnic Operadora Logística e de estagiários de Enfermagem da Universidade Paulista (UNIP).

Na Caminhada, as pessoas repetiram palavras de ordem contra o preconceito e a favor da inclusão social

No espaço central do encontro, houve uma Feira de Economia Solidária e a realização gratuita de práticas integrativas e oficinas terapêuticas. Um farto lanche com frutas frescas e quitandas também foi oferecido aos participantes, que ainda puderam fazer Carteiras de Autistas na Tenda de Direitos. Além de combater a desinformação e os preconceitos e estimular o debate sobre o tema, a iniciativa também intensifica a integração entre profissionais, pacientes e seus familiares e cuidadores.

Semana histórica para os autistas

“Tudo neste evento foi planejado com foco na sensibilização social e graças ao trabalho científico e humanizado realizado na rede de Saúde Mental. E amanhã, 5 de abril, ainda entregaremos à população a Clínica Teia, unidade especializada no atendimento precoce de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), no Jardim Nova Era. Essa é uma semana histórica para Aparecida e para os autistas e suas famílias”, destacou o secretário de Saúde Alessandro Magalhães.

Mobilização também intensifica a integração entre profissionais, pacientes e seus familiares e cuidadores

Na Caminhada, mais de duzentas pessoas repetiram palavras de ordem contra o preconceito e a favor da inclusão social dos autistas. Muitos levaram cartazes com frases como “Ser diferente não é um problema, o problema é ser tratado de forma diferente”, “Lugar de autista é em todos os lugares”, “Amar, respeitar, incluir”, “Alguém com autismo me ensinou que o amor não precisa de palavras” e “Antes de ser autista, é uma criança”, dentre outras.

A coordenadora de Saúde Mental de Aparecida, Eurides Santos Pinho, explicou que mobilizações como esta são fundamentais para a desconstrução de preconceitos e para demonstrar apoio e solidariedade aos pacientes e às suas famílias: “É um momento de chamar a atenção sobre o autismo e para debatermos e construirmos mais estratégias de cuidado e atenção. A incompreensão das pessoas com crianças autistas, por exemplo, se reduz quando há mais informação. Infelizmente, ainda há quem diga coisas como “os pais não educaram, não deviam levar para a rua”, sem compreender que o autismo é uma condição que pode fazer com que a criança tenha dificuldades em situações com lugares muito cheios ou com barulhos altos, por exemplo. ”

Melhor qualidade de vida para as crianças autistas com mais alegria, autonomia e saúde

A diretora do CAPSi Alegria, Cristiane Branquinho, reforçou que a mobilização é mais uma “estratégia permanente para demonstrar a importância do diagnóstico e do acompanhamento precoce dos pacientes. Trabalhamos para informar as pessoas e ajudar os autistas e suas famílias a conhecer melhor seus direitos e a ter mais tranquilidade e qualidade de vida. Queremos contribuir para a inclusão social dessas pessoas, mostrar a elas que não estão sozinhas e que estamos aqui para dar o suporte e a atenção necessários. ”

Assistência qualificada transformadora

Psiquiatra da equipe do CAPSi Alegria, presidente da AFAAG e fundadora do Instituto Sarah Jacob, Alessandra Jacob é mãe de uma adolescente autista de 17 anos, Sarah. Ela ressaltou a importância de terapias também para pacientes adolescentes, adultos e idosos. Para finalizar, a médica celebrou o fato de que, em Aparecida, os profissionais da Saúde Municipal são muito qualificados e que, ao contrário do que ocorre em muitas outras cidades, já existem professores de apoio para alunos autistas nas unidades da Secretaria de Educação. “O trabalho desenvolvido no município para os autistas está em constante e significativa evolução e tem transformado muitas vidas”, afirmou.

Pollyanna Sousa, mãe de três pacientes do CAPSi, Victor, 17 anos, Marcos, 15, e Maria Júlia, 7, tem os filhos atendidos na unidade há 8 anos e contou que a vida deles melhorou após os tratamentos: “Tiveram uma mudança total. O Victor melhorou muito a interação social e o desenvolvimento escolar. Era agressivo e a terapia atenuou isso, hoje ele consegue participar de atividades coletivas, o que também aconteceu com o Marcos. Já a Maria Júlia chegou no CAPSi novinha, ainda de fraldas, mal comia e não falava, e hoje se alimenta melhor, conversa com as pessoas, interage socialmente. E até eu, com minhas situações pessoais, também fui acolhida e sou auxiliada pelo pessoal da unidade, que é muito solícito. ”

Ruti Lisboa, presidente da Rede Mulher Empreendedora de Aparecida e mãe do Arthur, de 12 anos de idade, disse que o filho é acompanhado há dez anos no CAPSi. Ela considera a unidade uma referência para as famílias dos autistas: “Indico para todos que precisem ou que estejam desconfiados de que suas crianças ou adolescentes tenham o TEA. O atendimento prestado aumenta demais a qualidade de vida das pessoas, desde os pacientes até os familiares e o grupo de convivência. As mães, pais e responsáveis precisam se conscientizar disso e buscar o diagnóstico, proteção e cuidados profissionais para seus filhos autistas. ”

Karina Rodrigues, mãe do Charllys, 13 anos, narrou as dificuldades enfrentadas até buscar ajuda na unidade: “Quando descobrimos o autismo dele, eu tinha acabado de perder nosso plano de saúde privado porque o pai dele não pagava mais, entrei em depressão, foi o fim do mundo. Um dia, um assistente social indicou o CAPSi e foi maravilhoso, nos deram todo o apoio, inclusive me ajudando a superar a depressão. Meu filho é carinhoso, dedicado à escola, está bem melhor, estamos juntos nessa sem nenhum apoio do pai dele e vamos avançando e superando desafios com a ajuda e o carinho da equipe do CAPSi”.

Coordenadora de Saúde Mental Eurides Santos: A incompreensão se reduz quando há mais informação

Como conseguir atendimento em Aparecida

A coordenadora Eurides orientou que o CAPSi faz o acolhimento inicial na rede da SMS para autistas crianças e adolescentes, “de porta aberta”, sem necessidade de encaminhamento. A unidade é localizada na Rua 29, quadra 85 A, lote 13, no Jardim Bela Vista. “As pessoas que querem buscar esse atendimento ou tirar dúvidas podem também ligar no número 3545-7006 para receber orientações e saber quais documentos devem ser levados. Daí marcaremos uma avaliação e faremos o acolhimento para identificar as demandas, a proposta de tratamento e o acompanhamento familiar, que é imprescindível para o sucesso e a evolução positiva do caso”, frisou.

Autismo no mundo e no Brasil

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2007. O órgão estima que mais de 70 milhões de pessoas vivam com o transtorno, cerca de 1% da população do planeta, e que o autismo afeta 1 a cada 100 crianças no mundo. Já no o Brasil, a OMS estima que cerca de 2 milhões de pessoas são autistas.

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